Tuesday, September 4, 2018

87% dos médicos brasileiros usam Whatsapp para se comunicar com pacientes

Troca de mensagens entre pais e pediatras já é comum no Brasil (Foto: Thinkstock)

 

São 1,5 bilhão de usuários mensais em todo o mundo. São pessoas que deixam de fazer uma ligação para trocar mensagens de texto pelo WhatsApp. Os brasileiros estão entre os que mais usam o aplicativo. O país é o segundo da lista de usuários, perdendo apenas para a África do Sul.

Esse novo hábito vem mudando a maneira como as pessoas se comunicam nas mais diversas áreas, inclusive na saúde. Os números comprovam: 87% dos médicos brasileiros utilizam o app com frequência para se comunicar com os pacientes. O que é muito, se comparado a outros países. Nos Estados Unidos, apenas 4% dos médicos aderiram às mensagens de texto e no Reino Unido, 2%. Os dados são de uma pesquisa da consultoria britânica Cello Health Insight, de 2015.

Ter disponibilidade para responder pelo aplicativo virou, inclusive, pré-requisito para muitas mães, como é o caso de Karen Guedes. “Tenho um filho de 1 ano e 6 meses e, como é meu primeiro, é importante para tirar dúvidas. Não teria um pediatra que não atende por WhatsApp”, afirmou.

Erin Veiga, mãe de um menino que sofre de epilepsia, disse que já mudou de médico por causa da demora para responder. “Não sou desesperada, mas a pouca atenção me rendeu mais sustos”, explicou.

Como fica a rotina dos médicos?

Para os pais, é a possibilidade de tirar dúvidas a qualquer momento. Já para alguns médicos, uma sobrecarga de trabalho. “A pediatra da minha filha sofreu nos primeiros meses. Era mensagem todos os dias, a qualquer hora, pra tirar qualquer dúvida besta”, admitiu Larissa Bonetti.

“As mães perguntam frequentemente sobre doses de medicações, tiram dúvidas sobre alimentação, explicam sintomas como febre, tosse e vômitos questionando se devem ir ao PS ou agendar consulta de urgência. Enviam fotos de lesões de pele, hematomas, escoriações e, menos frequentemente, fazem vídeos sobre comportamento e interação com outras crianças”, contou a pediatra do Hospital São Paulo (SP), Andreza Maria Reis de Sá.

Grupos de pais no Facebook: sim, eles existem!

A pediatra, que costuma disponibilizar o número do WhastApp aos pais, reconhece que nem sempre é fácil organizar a rotina por conta da quantidade de mensagens. “Elas vêm em horários aleatórios. Às vezes, acordo e já tem algumas. Tento responder nos intervalos das consultas, quando estou parada no trânsito ou à noite, quando chego em casa. Eventualmente não consigo responder a todas ou não da maneira que gostaria”, disse.

Afinal, pode ou não pode?

Os questionamentos são tantos que, recentemente, o Conselho Federal de Medicina publicou um parecer sobre o uso do WhatsApp:

Está claro que o médico pode receber mensagens no WhatsApp e responder, como sempre o fez, atendendo telefonemas de pais aflitos com seu pequeno filho cuja febre não baixava e precisava ouvir seu pediatra com recomendações seguras e tranquilizadoras. Todos os regramentos dizem respeito a não substituir as consultas presenciais ou aquelas para complementação diagnóstica ou evolutiva a critério do médico pela troca de informações à distância."
CFM

 

Exatamente como fez a jornalista e mãe Catia Noronha, que tem Teodoro, 6 anos, e Alice, 4. “O WhatsApp foi importante, principalmente em duas ocasiões: quando estávamos viajando pela Bahia e meu filho teve uma virose forte, e nos EUA, quando ele caiu e torceu o pulso. A pediatra estava o tempo todo online comigo. Mas isso não substituiu a nossa ida a um pronto socorro”.

Segundo Ana Cristina Zollner, do Departamento Científico de Bioética da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o assunto tem sido discutido em congressos de pediatria no Brasil. “As mídias sociais são uma realidade sem retorno, não tem como fugir dessa questão. A gente entende que o WhatsApp existe para informações mais rápidas, de algo que não seja complicado. O que nos preocupa são aquelas mães que querem fazer uma consulta pelo aplicativo. Uma foto, muitas vezes, não é o suficiente para fazer um bom diagnostico”, explicou.

O que dizem os médicos?

Entre os médicos, o tema divide opiniões. Para o pediatra Cláudio Barsanti, presidente da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SP-SP), o maior risco é com interpretações erradas. “O que acaba acontecendo é que a palavra escrita não tem entonação e pode ser mal interpretada pelos dois lados. O que é diferente de um telefonema. Mensagem de texto não é a forma com a qual eu trabalho. Os riscos são grandes”, alertou.

Como escolher o pediatra do seu filho

O pediatra, que também é advogado, afirma que tem sido cada vez mais frequentes os casos na justiça relacionados a erros de interpretação. "São pacientes que acreditam ter sido lesados. Atualmente, mensagem de texto é considerada prova judicial lícita”, explicou.

“Na minha percepção, o WhatsApp pode ser um bom aliado no auxílio aos pais, principalmente em momentos em que eles não têm acesso ao atendimento médico, como em viagens, evitando idas desnecessárias ao pronto socorro ou amenizando sintomas até que consigam trazer a criança ao consultório”, defendeu Andreza. “Mas a melhor orientação é sempre presencial, com uma boa conversa, avaliando a criança de maneira integral”, concluiu a pediatra.

“Eu deixo claro para os pais, já na primeira consulta, e explico os meus motivos. Aí, eles vão colocar na balança e decidir”, explicou Basanti. Aliás, essa é uma excelente dica para os pais. Conversar abertamente com o médico sobre o assunto, alinhar expectativas e fazer combinamos é sempre a melhor maneira de evitar problemas e manter uma boa relação!

 



from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Criancas/Comportamento/noticia/2018/09/87-dos-medicos-brasileiros-usam-whatsapp-para-se-comunicar-com-pacientes.html

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