Quarenta dias. Não passa disso. Com muita sorte, quarenta e cinco. Sabia exatamente essa conta de calendário porque que era praticamente uma sessão tortura. O grande dia se aproximava.
Com certeza, muitas mães vão se identificar comigo... Bora cortar o cabelo da criançada?
Nem adianta tentar fugir. Chega comunicado na agenda, professor de natação informando que a franjinha está entrando no olho (professores queridos, vocês acham que não estou vendo? Só estou sendo um pouquinho covarde! Justo, né?).
Já havia tentado de tudo por aqui: o salão da mamãe, meu preferido, ambiente com o qual eles já deveriam estar acostumados, já que frequentam desde a barriga. Deu certo? É claro que não! Salões de cabeleireiros de adulto são ambientes tensos, com pessoas que eles nunca viram. Sob o olhar de uma criança, então, fica tudo ainda muito maior e eles ficam intimidados, aflitos. Meu maior receio era causar algum tipo de trauma.
Saí frustrada. Queria muito que o programa em família fosse lindo, bem no modelo comercial de margarina. Rindo, contando piadas, sorrisos. É, não deu...
Mudança de planos: vamos para o salão do clube. Precinho camarada, tiozinho que corta super gente boa, mas a atenção dos pequenos estava totalmente voltada para a piscina, a quadra, o parquinho. Ou seja, as crianças não estavam preparadas para o corte. Estavam prontas para brincar. Resultado? No lugar de sorrisos, tínhamos gritos, choros, shows, solicitações de picolé no meio da navalha. Sério.
Cresce cabeleira! Demora um pouquinho, por favor. Tenho que descobrir um lugar para levá-los sem que isso vire uma novela. Até lá, consigo elaborar o discurso explicando que cortar o cabelo não dói absolutamente nada.
Cheguei a trazer o cabelereiro na minha casa. Mas parecia que era a visita do médico sem jaleco. Isso sem mencionar que, depois, tinha cabelo em todos os cômodos. Até na panela. Cruzes.
Pesquisei alguns salões da minha cidade e avaliei que o mais adequado. Pelo menos para o perfil dos meus filhos, que são superagitados, o melhor é cortar em ambientes preparados para atender ao público infantil. Eles são lúdicos e coloridos, com atividades apropriadas. Sim, crianças são visuais e curtem muito uma decoração divertida. Fica a dica para os empresários do ramo.
+ Não julgue o desespero de uma mãe à procura de um banheiro
Sei que, após tantas tentativas e erros, pontos simples fizeram com que eles se acalmassem e passassem a curtir o momento, que, antes, era tão temido. São eles:
+ 3 dicas para manhãs mais tranquilas
1. Cores chamativas - sempre elas, tirando o foco dos pequenos das tesouras e secadores barulhentos
2. Videogame ou desenho animado - controle remoto na mão das crianças e elas comandam a festa
3. Aquele display com muitos laços, fitas coloridas e elásticos diferentes - enquanto elas escolhem o adereço mais bonito, o profissional entra em ação!
4. Brinquedos espalhados - deixe que eles brinquem um pouquinho antes e depois. Intimidade com o salão faz a diferença.
Bora cortar o cabelo? Agora são eles que me pedem.
from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Colunistas/Anny-Meisler-Decoracao/noticia/2018/09/de-arrepiar-os-cabelos.html