A origem da birra está ligada à imaturidade neurológica e emocional da criança, por isso é tão comum. Costuma surgir a partir dos 6 meses e pode durar até os 6 anos. Antes que você diga, porém, que é provocação do seu filho, saiba que a culpa não é dele. “O controle das emoções está relacionado ao lóbulo frontal do cérebro, que se desenvolve à medida que ele cresce”, diz o pediatra e neonatologista Nelson Douglas Ejzenbaum, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria. Mas, como os pequenos ainda não têm condições, tanto físicas quanto psicológicas, para demonstrar suas necessidades, insatisfações ou frustrações, reagem com todo o corpo – até porque nem sabem falar direito ainda. “Eles começam a perceber que têm vontades próprias e estão mais atentos ao mundo à sua volta. Ainda não possuem, entretanto, condições de lidar com tudo isso de forma equilibrada. Então, para colocar para fora aquilo que não sabem nomear, se jogam, esperneiam, gritam…”, completa a neuropsicóloga Deborah Moss, mestre em psicologia pela Universidade de São Paulo. O resultado, para desespero dos pais, talvez seja uma temida crise em público. Mas que pode, sim, ter um final feliz quando os adultos optam por resolver o problema com carinho.
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Como aconteceu com a publicitária Shirley Hilgert, 39 anos, mãe do Leonardo, 6, e do Caetano, 3, e autora do blog Macetes de Mãe. Shirley conta que, quando Leo tinha 2 anos, o menino berrou o tempo todo enquanto ela passava as compras no caixa de um supermercado. Foi difícil lidar com o julgamento de todos em volta, mas ela respirou fundo e se colocou no lugar do filho. “Ele quis uma coisa que não podia, me agachei e expliquei para ele que não ia dar e o porquê. Eu sabia que se cedesse naquele momento, ele faria o mesmo escândalo em outra oportunidade. Então, me mantive firme na decisão”, conta. Leo berrou mais um pouco na saída, mas, como previsto pela mãe, nunca mais repetiu o “show”.
Será que a tática adotada por Shirley pode funcionar para todo mundo? Em outras palavras, existe uma fórmula para acabar com a birra? A resposta é: depende da criança. Um recente estudo das universidades de Amsterdam e Utrecht (Holanda) em parceria com as universidades de Cardiff e Oxford (Reino Unido) analisou 156 pesquisas de 20 países envolvendo 15 mil famílias com crianças de 2 a 10 anos que apresentavam “comportamentos disruptivos”, entre eles a birra. Os pesquisadores detectaram dois grupos de técnicas mais utilizadas para lidar com o problema: as baseadas no gerenciamento de comportamento (combinados, por exemplo) e aquelas de construção de relacionamento (diálogo, entre outros). Para crianças que apresentam comportamentos disruptivos com maior frequência, o estudo descobriu que o método mais eficaz é uma mistura das duas estratégias. O que faz da empatia um ponto essencial para lidar com crianças ditas “birrentas”, especialmente por fortalecer os vínculos familiares.
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from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Criancas/Comportamento/noticia/2018/09/por-que-criancas-fazem-birra.html