Muito se fala sobre os benefícios do leite materno para o bebê, mas a ciência revelou que existem ainda mais motivos para que a amamentação seja incentivada. Segundo uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o alimento tem influência direta no desenvolvimento do fígado do recém-nascido.
Segundo o coordenador da pesquisa, o cientista Gustavo Menezes, o fígado é como se fosse o berço das células de defesa que vão funcionar em uma pessoa durante toda a vida. “Tudo o que comemos vai para o intestino e, antes de seguir para outras partes do corpo, passa pelo fígado, que funciona como um filtro”, disse ele.
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Isso quer dizer que o órgão age no controle de todos os micro-organismos que vivem no nosso corpo. “Nosso intestino é colonizado por milhões de bactérias importantes, no entanto, elas não podem sair de lá, sob o risco de causarem infecções. É a nossa defesa que mantém essas bactérias restritas ao intestino e o fígado ajuda nesse controle”, explicou.
No recém-nascido, o leite materno também chega como um alimento pronto, poupando o fígado do bebê de ter de exercer as funções de digestão. Quando o desmame é precoce, drásticas mudanças acontecem também no fígado. Os cientistas observaram que algumas das maiores modificações, tanto metabólicas, quanto imunológicas, acontecem nessa fase.
“O desmame prematuro e a introdução forçada de alimentos podem alterar o desenvolvimento metabólico do fígado. Isso pode explicar porque alergias alimentares, alguns tipos de câncer e doenças hepáticas podem acometer alguns adultos e outros não”, comentou o professor.
Mas quando o desmame é considerado prematuro? Apesar da Organização Mundial da Saúde recomendar o aleitamento exclusivo até os seis meses de idade, os pesquisadores acreditam que cada criança possui o seu tempo. “Nosso estudo revela que cada criança tem um tempo específico. E a ciência já está mostrando que esse tempo não é fixo, depende da maturação metabólica de cada bebê”, esclareceu Gustavo.
NOVO EXAME INDICARÁ INÍCIO DA INTRODUÇÃO ALIMENTAR
Para descobrir o momento certo em que cada bebê estará pronto para receber novos alimentos, os pesquisadores estão desenvolvendo um novo exame de sangue. Ele será capaz de identificar a presença de células de defesa no organismo e, assim, será possível saber se ele está metabolicamente resistente para o desmame. “Quem sabe esse novo teste poderá fazer com que a mulher prolongue a licença-maternidade ou adeque o horário de trabalho para possibilitar a amamentação”, comentou o pesquisador.
“Fazer com que a mãe volte a trabalhar e forçar a criança a um desmame precoce pode transformá-la em um adulto menos produtivo, com mais problemas de saúde. Temos agora uma prova de que isso deve ser rediscutido. Quero dar a chance de as mães ficarem mais tempo com os filhos”, finalizou.
Atualmente, o exame está em fase de testes. Os pesquisadores estão aguardando um financiamento para o projeto, mas acreditam que ele deve estar pronto em, no máximo, três anos.
NOVIDADES PARA O FUTURO
Sabe-se que o leite materno é insubstituível. No entanto, os pesquisadores também estão focados em novas frentes. “Vamos tentar agora possibilitar alternativas para àquelas mulheres que realmente não podem amamentar”, explicou. O objetivo é encontrar maneiras de proporcionar às crianças benefícios semelhantes ao da amamentação.
Apesar de a ciência confirmar cada vez mais a importância do aleitamento materno, infelizmente as pesquisas revelam que menos da metade das crianças, ou seja, 40% são amamentadas exclusivamente até os seis meses. Os números são do relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
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