Sunday, May 10, 2020

Dia das Mães: "Mãe é cachecol quando esquecemos de levar a blusa. Mãe é o melhor GPS para acharmos as coisas que perdemos pela casa", diz Thaís Vilarinho

Mãe fazendo carinho no bebê enquanto amamenta (Foto: Getty Images)

 

Por mais que a gente tente definir essa palavra, sempre faltará alguma coisa. Talvez por ser a única no mundo que tem significado infinito. Como pode uma palavra tão pequenininha, ser tão grandiosa? Como pode tanta força e potência? Como pode caber um mundo inteirinho, com toda a sua complexidade, dentro de apenas três letras juntinhas?

Mãe é substantivo, adjetivo, verbo e principalmente superlativo. Mãe é lar, é comida quentinha. É leoa feroz quando precisa proteger a cria. Mãe é chão, é anjo da guarda, é o melhor GPS para acharmos as coisas que perdemos pela casa. Mãe é choro compulsivo na apresentação da escola, é saudade que esmaga o coração quando vê fotos dos filhos pequenos. Mãe é coração transbordando de orgulho e cabeça abarrotada de questionamentos.

Mãe é também corpo cansado e lágrimas de preocupação. É doação mesmo quando tem certeza que as forças se esgotaram. Mãe é divã de terapia. É mão sempre estendida e abraço de urso. Mãe é cachecol quando esquecemos de levar a blusa. É o melhor cheiro e o melhor lugar do mundo.

 

Nunca, jamais faça a besteira de tentar entendê-la, e sabe por quê? Mãe é bicho esquisito. É drama, comédia, suspense e tragédia, tudo junto e misturado. Mãe é banho morno que baixa a febre, é analgésico potente, e é dose cavalar de antibiótico. Mãe é beijo bom que cura machucado, abraço macio que da leveza nos dias ruins e voz que tem poder calmante, tipo de maracujá sabe?

Mãe é meio bruxa. Enxerga até quando está de costas. Tem poder de ler pensamento e de adivinhar o que vai acontecer. Mãe é carga extra de energia, é a verdade que ninguém tem coragem de nos dizer. Mãe é a mão que segura a gente quando o carro breca repentinamente. É a cama e o travesseiro perfeitos para chorarmos qualquer tipo de mágoa.

Mãe é ser, estar, ficar, continuar. Permanecer. Tornar-se. Mas sobretudo, mãe é porto. Um porto que por mais que queira que o barquinho fique por ali, debaixo dos seus olhos, quando sente que é hora dele partir, aceita, solta a cordinha e o entrega para o mar. Entrega mesmo sabendo dos perigos que ele irá enfrentar. Mas antes dele partir sussurra no seu ouvido que porto, ah...porto, nunca sai do lugar.

Thais Vilarinho (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Thaís Vilarinho é fonoaudióloga e escritora. É mãe do Matheus, 11, e do Thomás, 9. É autora dos livros "Mãe fora da caixa", "Mãe recém-nascida" e do infantil "Deixa eu te contar"

 



from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Colunistas/Thais-Vilarinho-Mae-fora-da-caixa/noticia/2020/05/dia-das-maes-mae-e-cachecol-quando-esquecemos-de-levar-blusa-mae-e-o-melhor-gps-para-acharmos-coisas-que-perdemos-pela-casa-diz-thais-vilarinho.html

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