Era o início de tarde do dia 1º de outubro no Hospital Infantil Holtz, em Miami, e o quarto da pequena paciente, Elizabeth Foley, 2, estava em silêncio. A menina acordava da anestesia após ter realizado um exame para um possível transplante de fígado, quando a mãe, Amy, debruçou-se sobre a cama da filha e disse: "Vamos fazer música e, então, seu humor vai melhorar". De fato, em poucos minutos, a menina, que sofre de uma condição genética chamada síndrome de Alagille — que, em parte, afeta o funcionamento do fígado —, estava agarrada a um instrumento.
Stephanie Epstein, a musicoterapeuta do hospital, tem seus métodos para encantar os pacientes. Ela começa com as músicas dos filmes favoritos dos pequenos, como Frozen e Moana. Depois, toca um tambor oceânico, cheio de pequenas contas metálicas que flutuam, para criar ondas suaves de som. Já são cinco anos animando crianças doentes. Mas não é só isso. Além de levantar o ânimo, a música também ajuda a relaxá-los antes e depois dos tratamentos e mais: a música também é capaz de reduzir a dor e a ansiedade das crianças durante procedimentos médicos.
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Isso significa que os médicos podem usar doses menores de sedativos ou até dispensar o uso de alguns medicamentos — que podem ser especialmente severos em pacientes mais jovens. "Não ter que sedar uma criança também significa economizar tempo e dinheiro. As crianças não precisam jejuar por 12 horas, não há necessidade de um anestesista, não há efeitos colaterais dos medicamentos e nem necessidade de intubação", disse ela. "É melhor para os pacientes e a para a equipe. O clima geral da sala fica mais tranquilo", completa ela.
Um exemplo foi quando Elizabeth precisou de um tubo de cateter, que deve ser inserido em uma veia no braço, perna ou pescoço da criança para fornecer remédios e nutrição. A enfermeira avisou a mãe que, provavelmente, a pequena gritaria durante o procedimento. Mas Stephanie apareceu com seu violão e Elizabeth ficou tão calma e quieta, que outras enfermeiras foram conhecer "a garota que não chorou". Para a família e equipe médica, o foco na música ajudou. "Sabemos que ela passará por mais cirurgias no futuro e limitar a quantidade de anestesia é uma grande bênção para nós", disse a mãe.
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Hamilton Clark, diretor executivo do hospital, disse que o programa de musicoterapia já se tornou "parte integrante da equipe de atendimento". "As crianças precisam de cuidados de saúde especializados em todos os aspectos, e sabemos que a musicoterapia desempenha um grande papel no processo de cicatrização", afirma.
A primeira música que Stephanie tocou no quarto de Elizabeth foi Let it go, do filme Frozen. E também foi o momento em que menina abriu seu primeiro sorriso do dia. "Consigo dar a eles algo de positivo, para poder ajudá-los a se expressar. Eu sou a pessoa que os ajuda a se sentir criança novamente", disse Stephanie. "A música também me acalma", completou Amy, mãe da menina.
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