A nutrição infantil ainda é um fator preocupante no mundo. É o que mostra o estudo Situação Mundial da Infância 2019: Crianças, alimentação e nutrição do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância). Um dos dados mais alarmantes do documento tem relação com a obesidade. Segundo o levantamento, 40 milhões de crianças de menos de 5 anos estão com sobrepeso. De 2000 a 2016, a proporção de crianças com excesso de peso (5 a 19 anos) aumentou de 1 em 10 para quase 1 em 5.
O estudo também apontou que, globalmente, uma em cada três crianças menores de 5 anos não está crescendo bem devido à má alimentação. Em 2018, 149 milhões de crianças com menos de 5 anos tinham déficit de crescimento e pouco menos de 50 milhões tinham baixo peso.
Segundo Claudio Schvartsman, médico pediatra e vice-presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein (SP), o Brasil, felizmente, caminha para taxas menores de desnutrição por carência de alimentos.
“O comprometimento da altura da criança está relacionado com a falta de nutrientes tanto calóricos como proteicos e lipídicos. O Brasil está deixando esse fenômeno no passado”, diz o especialista. De acordo com ele, o que se tem hoje são casos pontuais, como em algumas cidades no Nordeste e comunidades indígenas.
Apesar de não sofrer com tantas crianças desnutridas, o Brasil ainda tem um grande desafio pela frente: diminuir as taxas de obesidade infantil. Pesquisas do Ministério da Saúde indicam que 12,9% das crianças brasileiras de 5 a 9 anos são obesas.
De acordo com Schvartsman, é muito comum que as famílias de renda mais baixa optem pela compra de calorias mais baratas como massas, biscoitos, sucos artificiais e refrigerantes. O problema desses produtos é que, além do alto teor calórico, eles são ricos em gorduras trans, carboidratos e têm poucas proteínas e micronutrientes. “O consumo desses alimentos é motivado por uma questão econômica, mas também pela falta de informação”, afirma o pediatra.
No entanto, o médico, alerta que a obesidade não é um problema restrito às famílias com renda baixa. “Com a falta de tempo, muitos pais de classe média acabam dando para seus filhos industrializados como suco de caixinha, refrigerante, sanduíches e nuggets. Isso é preocupante, porque esses produtos possuem alto teor de açúcar e sódio”, diz.
Segundo o pediatra, entre os problemas que a obesidade pode causar às crianças estão aumento da pressão arterial e diabetes do tipo 2. “Normalmente, essas crianças não praticam exercícios físicos, o que acaba complicando o quadro”, afirma.
Apesar de se exigir uma postura mais ativa dos pais quanto à alimentação saudável de seus filhos, o especialista afirma também que é importante que se criem políticas públicas para diminuir as taxas de obesidade. “Temos que rever a nossa regulamentação quanto aos teores de sódio e açúcar nos alimentos. Hoje, entrar no supermercado é quase um atentado à saúde da criança”, afirma.
O especialista ainda complementa que é importante que os produtos mostrem claramente o seu valor nutricional, pois muitos pais acabam comprando alimentos não saudáveis, porque desconhecem essas informações. O médico também sugere que exista um forte campanha educacional com a sociedade.
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