Thursday, July 26, 2018

A brincadeira faz um bem danado para quem tem filho único

criança brincando no balanço (Foto: ThinkStock)

 

Quando há um filho único em casa, uma das preocupações que a família acaba considerando, alguns mais outros menos, é a possível solidão da criança. Há vantagens e desvantagens em ter ou não irmãos. Entretanto, ser solitário traz poucos benefícios para um ser que vive em sociedade, como nós.

Mas já existe uma solução simples para evitar que um filho único (e aqui incluo também as crianças com irmãos de idades muito diferentes, que acabam sendo “filhos únicos” durante muito tempo) acabe se acostumando a ser sozinho e tenha mais dificuldade de conviver, se comunicar e trocar experiências com outras pessoas: brincar.

“Afinal, se a gente não brincar juntos, como é que saberemos viver juntos quando ficarmos adultos?”, foi o comentário da Carol, a filha da Patricia Marinho, quando ela tinha 8 anos. Incrível, não é?

Respeitar, compartilhar, comunicar

Estas três palavras acima são as que a gente mais valoriza quando o assunto é conviver com outras pessoas. E o brincar estimula tudo isso. Seja no berçário, na escolinha, no parquinho, na praça, ou no espaço de convivência do lugar onde mora, é importante que seu filho tenha um tempo todos os dias para estar com outras crianças.

E o primeiro passo para que isso aconteça é a gente “largar o osso”. Ou seja, deixar que nosso filho brinque, sem a nossa interferência. E aprender a fazer isso, também respeitando seu filho.

Quando são pequenos, até seus dois anos de idade, é natural que seu filho queira ficar com você em todos os momentos, inclusive na hora de brincar.

Mas, caso ele ainda não vá para uma escola, a partir desta idade, já pode aprender a brincar sozinho em alguns momentos. E para quê isso, Patricia? Para que seu filho comece a ter autonomia de você e que ganhe segurança para tomar pequenas decisões sozinho, por exemplo, quando estiver brincando com outras crianças. Tem um texto que publicamos no Tempojunto que traz um passo a passo para ajudar no momento de incentivar as crianças a brincarem sozinhas.

Depois, é só deixar

É a partir da brincadeira que as crianças aprendem a dividir, ou melhor dizendo, aprendem que compartilhar é mais interessante que ficar só com o seu. Faço esta diferença porque é importante também respeitarmos os momentos em que os filhos não querem emprestar seu brinquedo para o amiguinho.

Uma coisa importante para falar nessa história de aprender a conviver brincando, é que os pais precisam permitir que as crianças se entendam sozinhas quando há um conflito, uma briga ou disputa. Não estou falando aqui de bebês ou crianças pequenas que estão aprendendo ainda e precisam do auxílio dos pais nestes momentos.

Mas quando a criança é maior, não dá pra gente querer resolver tudo pra elas. No mundo, na vida, nossos filhos enfrentarão momentos de disputas e divergências e é na brincadeira que as crianças aprendem a lidar com isso. Então, nós, pais, vamos nos segurar e não nos intrometermos na hora da brincadeira com os amigos, está certo?

E se for o caso, depois, em um outro momento a gente pode conversar com os filhos sobre o que aconteceu, como ele se sentiu e como ele pode agir numa próxima vez. Porque a gente tende – e é natural – a achar que o nosso filho é sempre a vítima da situação. É mais difícil a gente perceber que é o nosso filho que não está sabendo conviver. Nestes casos, o próprio grupo de amigos pode contribuir para que a situação mude.

Aqui tem três dicas de brincadeiras que precisam da ajuda de todos para dar certo.

Passe a bolinha

Brincadeira com lençol e bexiga

Complete o desenho

Por fim, um último recadinho: Se você quer que seu filho único cresça um adulto que compreenda e respeite as diferenças dos outros, deixe-o brincar livremente com crianças que não sejam iguais a ele. Seja de gênero, de idade, com deficiência ou de outra condição social. Juntas, elas conseguirão adaptar as brincadeiras para a realidade e possibilidade de cada um.

Patricia Tempo Junto (Foto: )

Patrícia Marinho é publicitária, mãe de duas meninas, de 11 e 4 anos; e Patricia Camargo é jornalista, mãe de um menino de 8 anos, e duas meninas de 6 e 5 anos. As “Patricias” são sócias do Tempojunto, que mostra como a brincadeira é fundamental para o desenvolvimento das crianças e dá sugestões práticas de como incluir o brincar no dia a dia e na relação entre as mães, os pais (e tios, e avós...) e seus filhos. Aqui elas tiram dúvidas, dão dicas e contam como o brincar pode fazer a diferença no convívio com as crianças de qualquer idade.



from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Colunistas/Patricia-Camargo-e-Patricia-Marinho-Tempojunto/noticia/2018/07/brincadeira-faz-um-bem-danado-para-quem-tem-filho-unico.html