Em época de luta pela igualdade, é difícil adotar uma posição polarizada. É complicado tomar uma decisão que não seja pacificadora e acolhedora para as duas partes envolvidas, mas serei fiel ao meu pensamento e vou escrever algo que vai dividir opiniões: não existe colo igual ao de mãe.
Na verdade, não existe lugar no mundo melhor do que dentro do colo da mãe.
Não é à toa que a expressão “colo de mãe” é usada de forma tão significativa e cheia de representações diferentes. É que o colo da mãe é melhor e mais forte, mesmo.
Penso que essa afetividade vem do fato de a mãe nos carregar no colo desde que existimos, e não me refiro ao momento em que nascemos, afinal, qualquer um pode pegar um bebê recém-nascido no colo, acarinhá-lo e começar a construir uma relação de afeto com ele. Eu me refiro, na verdade, ao momento em que as primeiras células começaram a se juntar e formar aquele “feijão”, que se tornará um feto e depois, um bebê.
Entenderam? Esse é um colo que nunca nenhum pai vai conseguir dar.
Quando você pensa em elevar à máxima potência o ato de dar colo, o que vem à sua mente? À minha, surge a imagem de esmagar tanto meu filho, a ponto de ele se tornar um só comigo. Isso nunca vai acontecer realisticamente, mas, com a mãe, isso acontece por nove meses.Ou seja, durante todo esse tempo, a mãe proporciona o colo mais envolvente, acolhedor e protetor da existência humana. E nunca coloca a criança no chão, nem um pouquinho, para descansar! É um longo colo de nove meses ininterruptos, em que ela não apenas vira um só organismo com seu filho, como também doa seu próprio corpo, fisicamente, literalmente, para que o bebê se desenvolva da melhor forma possível.
Eu falo muito sobre criar vínculo com os filhos, mas isso, esse tipo de elo, só existe com a mãe, por questões biológicas.É imbatível e nos faz ter a sensação de que, quando sentimos o colo da nossa mãe, simplesmente estamos voltando a abraçar a nós mesmos, pois já fomos um.
Me desculpem, pais.
Mas também não quero dizer que o colo do pai é ruim. Apenas não é orgânico. A forma mais verdadeira e pura que tenho para passar adiante o que sinto é dando colo, tanto literalmente quanto fazendo algumas adaptações para quem já não cabe mais. Aquele colo que não se sabe onde acaba um e começa o outro. Aquele enlace em que a energia flui como o amor mais puro e entregue que existe. De amar ao próximo como a si mesmo. Quando você dá colo, é isso que você está mostrando para o outro: eu te amo a ponto de te receber no meu espaço, de colocar seu corpo grudado ao meu, te cuidar, te proteger e passar o que tenho de melhor, o amor da alma.
E colo de pai é algo que tem de ser construído, desenvolvido, praticado, como tudo na relação paterna. Certeza que, quando conseguimos ser referência de colo para nossos filhos, vale por dois, pois é algo que pensamos e conseguimos construir. Isso exige muita dedicação. Mas, mesmo assim, está longe de, sequer, chegar perto da dedicação de uma mãe gestante.
Tentei dar uma amenizada no final, mas está difícil. Colo de pai funciona perfeitamente, salva vidas, mas mãe....Colo de mãe é colo de mãe, não é?
from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Colunistas/Marcos-Mion-Pai-Nivel-Hard/noticia/2020/05/marcos-mion-nao-existe-colo-igual-ao-de-mae.html