"Estou aqui na maternidade e pasmem: três parturientes dividindo o mesmo leito! É isso mesmo! Três mulheres em trabalho de parto tendo que dividir uma mesma cama. A terceira não consegue nem deitar, pois não sobra espaço. Isso é desumano!", escreveu a acompanhante de uma paciente do Hospital da Mulher Mãe Luzia, em Macapá, capital do Amapá. A denúncia foi enviada nesta quarta-feira (11) ao Correio Amapaense e publicada pelo jornal nas redes sociais.
"SITUAÇÃO PRECÁRIA HÁ ANOS"
Rapidamente, o post rendeu dezenas de comentários de pessoas indignadas dizendo ter passado pela mesma situação. "Quando fui ter minha filha, fiquei por mais de 3 horas sentada em uma cadeira", lembrou uma mãe. "É verdade, minha esposa está na maternidade dividindo leito com outra mãe", confirmou um pai. "É desse jeito lá. Lembro que quando fui ter meu filho, dividi o leito com 3 mulheres em trabalho de parto. É lamentável", escreveu outra. "É muito triste. Em 2014 passei pela mesma situação. Foi horrível e ainda tive que esperar oito horas pra ter minha filha, junto de mais duas mãezinhas no mesmo leito", lamentou mais uma.
Infelizmente, são pessoas como Mara Letícia Costa, 38, que não guardam boas recordações do nascimento dos filhos. "No ano passado, quando tive meu caçula, as enfermeiras avisaram já no corredor que duas ou três mães teriam que dividir a mesma maca. Não aceitei, pois já estava sofrendo com dor e sem medicação. Como resposta, ela chegou a dizer que aquele hospital não era particular, mas eu pago meus impostos. Enfim, além da falta de leito, não tinha material de higienização ou medicamentos. Foi um caos", lembra.
Até para a imprensa, a situação não é novidade. Há cinco anos, o G1 mostrou a triste realidade das gestantes dividindo a mesma maca na maternidade. Na época, a direção do hospital afirmou que não era uma situação comum e que havia acontecido apenas em um "horário de pico". Já o governo do estado informou que estava previsto para o segundo semestre de 2014, a inauguração da Maternidade do Parto Normal, na Zona Norte de Macapá, que iria descentralizar o atendimento feito somente no Mãe Luzia. As obras teriam iniciado em agosto de 2013, com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
GOVERNO DO ESTADO
Por meio de uma nota, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) do Amapá — que administra o hospital —, esclareceu que "o Hospital da Mulher Mãe Luzia (HMML) é referência no atendimento obstétrico e ginecológico para todo o Amapá e para alguns municípios do Pará e que, estatisticamente, os meses de setembro, outubro e novembro são os de maior demanda". A direção da unidade destaca ainda que, "além do acréscimo registrado nos três meses, a terça-feira, (11), foi atípica, tendo recebido um quantitativo de 30 mulheres em um período de 12 horas, quando a média de atendimento em um único dia é de 35".
A secretaria admite que a demanda de atendimento é superior a estrutura projetada há 60 anos, no entanto, diariamente, "garante procedimentos necessários e a assistência com equipe multiprofissional para todas as mulheres e gestantes que procuram a unidade".
Por fim, informa que "a oferta de leitos será ampliada em mais 56, com a inauguração da Maternidade Zona Norte que está em fase de conclusão da obra". Lembrando que a obra iniciou em 2013 e, seis anos depois, ainda não foi concluída. O governo do estado não informou um prazo para inauguração.
from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Gravidez/Saude/noticia/2019/09/superlotacao-tres-gestantes-dividem-mesma-maca-em-hospital-do-amapa.html