Poucos acontecimentos na vida são tão contraditórios quanto a maternidade: ao mesmo tempo em que o amor pelo bebê cresce, a preocupação, a exaustão com a nova rotina e até a crise de identidade que vêm no pacote podem enlouquecer as mães – e fazer a autoestima despencar. Pesquisadores da Universidade de Tilburg, na Holanda, analisaram, durante nove anos, os dados de mais de 84 mil mulheres norueguesas e descobriram que há um declínio na autoestima durante a gestação, seguido por um aumento nos seis primeiros meses após o parto, passando por uma nova queda até a criança completar 3 anos.
De fato, a tendência natural nos primeiros anos é que os cuidados com os filhos tomem boa parte do nosso tempo. O autocuidado? Ah, esse fica lá no fim da lista de prioridades. A questão é que, para cuidar do outro, primeiro é preciso cuidar de si. E isso não tem nada a ver com egoísmo. Uma mãe mais feliz com certeza vai criar um filho mais feliz também. Não sabe por onde começar? Nós damos uma forcinha!
1. UMA HORA INTEIRINHA APENAS PARA VOCÊ APROVEITAR
Com todas as demandas que vêm com o bebê, mal sobra tempo para ir ao banheiro... Que tal forçar um pouco a barra e separar uma hora do dia apenas para você? Para isso, vale contar com aquela ajuda da avó ou de uma amiga mais chegada. “Acredite: tomar um café bem gostoso naquela cafeteria que você sempre frequentou, dar uma volta na praça do seu bairro ou até mesmo não fazer nada são atitudes valiosas para recarregar as energias e retomar o gosto pelos hábitos que sempre apreciou, mas que ficaram adormecidos com a chegada do seu filho”, diz a psicóloga Letícia Gonçalves (SP), mãe de Catarina, 1 ano, e que, após o nascimento da filha, sente na pele o desafio que é colocar-se como prioridade, mesmo que por alguns instantes.
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2. CINCO MINUTOS DE ATENÇÃO PLENA. SÓ PARA VOCÊ
Que tal sair do modo “piloto automático”, que envolve troca de fralda, banho, refeições, cuidados com a casa... e dar um pouco de atenção ao seu corpo? “Precisamos valorizar e incentivar a prática de pausas no cotidiano. Elas são restauradoras e nos preparam para os próximos desafios. Abra espaço na agenda para pequenos momentos em que você realmente faz o que tem de fazer. E com atenção”, diz a psicóloga e terapeuta Raquel Lhullier, especialista em mindfulness, de Pelotas (RS). Ela aconselha que, nessas pausas, você coloque os pés no chão, escute seu corpo e sua frequência cardíaca e observe o que realmente necessita para se sentir melhor. Então, direcione a atenção para o que está acontecendo naquele momento. “Ao nos observarmos melhor, fazemos também escolhas mais conscientes”, garante.
3. CULTIVE O AUTOCUIDADO
Olhar com carinho para o seu corpo é também uma maneira de resgatar o amor próprio e se sentir melhor para encarar as outras tarefas do dia. Um banho mais demorado, com direito a automassagem e hidratação no cabelo fará você mais feliz? Aproveite os momentos em que as crianças estão dormindo ou quando há ajuda para cuidar delas e invista nisso. A publicitária Carla Falcão, 39, mãe do Miguel, 4, decidiu que esse ano cuidaria mais de si, e já sentiu os reflexos em várias áreas da vida. “Desde o começo do ano, passei a me maquiar e a cuidar do meu corpo durante 30 minutos, três vezes por semana. Não fiz isso por obrigação ou pressão pelo corpo perfeito. Pelo contrário: sabia que isso me ajudaria a admirar ainda mais a figura que eu encarava todo dia no espelho. E deu certo. Além de ânimo para lidar com a casa e as demandas do meu filho, passei a ter clareza para tomar novas decisões como empreendedora. Hoje, chego em casa com uma energia melhor, que contagia todos ao meu redor. De fato, quando a gente se cuida, tudo melhora”, conta ela, que influencia centenas de outras mulheres do grupo de empreendedorismo materno SocialMom.
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4. SOM NA CAIXA
A música tem a incrível capacidade de nos conectar com a nossa história, resgatar lembranças e até sentimentos que nem lembrávamos mais que existiam. Então, nada melhor do que dar o play em suas canções favoritas, fechar os olhos e, mesmo que seja com o bebê nos braços, dançar ao som de seu hit do coração. Só de imaginar, a sensação já é boa, né?!
5. ABRACE A NOVA MULHER QUE VOCÊ SE TORNOU
Não caia na armadilha de comparar o seu corpo antes de ter filhos com o de agora. Muito menos o compare com o de outras mães. Cada um tem uma história e é preciso acolher e abraçar a mulher que você se tornou. Se tentar voltar a ser a mulher que você era traz sofrimento, simplesmente pare. “Em vez de focar nas partes que não gosta do seu corpo, valorize o que você curte nele. Evite olhar referências externas e busque usar as roupas que a fazem se sentir bonita. Use-as porque você se sente bem e não porque precisa estar bem vestida para ser aceita. Vista-se para si mesma, paute-se em seus gostos e no que faz sentido para você”, aconselha a personal stylist Thais Farage, mãe de Miguel, 4 anos. Não sabe por onde começar? Uma boa dica é observar fotos antigas para perceber o que você ainda gosta e o que não faz mais sentido manter no armário.
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6. RECONECTE-SE
Estar rodeada por amigas que são mães é incrível. Dá para trocar experiências e ver que você não está sozinha em suas dúvidas e angústias. Mas resgatar o contato com quem você conhece há tempos pode ser ótimo para enxergar além da maternidade. “Os amigos que não são pais também podem ficar animados com a sua aproximação, já que a tendência é ocorrer um afastamento natural. Certamente ambos os lados sairão mais felizes”, diz a psicóloga Letícia Gonçalves. A influenciadora Carla Paredes, 33, mãe do Arthur, 3, e coautora do projeto Papo Sobre Autoestima, vivenciou o drama de não se reconhecer na própria pele após a maternidade. Quando seu filho tinha 5 meses, ela se mudou com o marido para Nova York (EUA) e ficou sem amigos ou rede de apoio por perto. “Manter o contato com as minhas amigas, tanto por telefone quanto pessoalmente, foi superimportante nessa fase. Elas ajudaram no meu processo de reconexão comigo mesma”, lembra.
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7. COLOQUE NO PAPEL
Escrever o que está vivendo, do que gosta, o que fez, contribui para que você se aproprie da sua história e das experiências, ajudando também na organização e reconhecimento dos sentimentos. Um recente estudo, realizado por pesquisadores da Denison University, em Ohio (EUA), analisou 421 pessoas e concluiu que escrever sobre as experiências vividas pode aumentar a autoestima. “Essa atitude torna visual todas aquelas atitudes que adotamos sem perceber. Ajuda também a retomar seus objetivos e a lembrar-se de onde quer chegar, nomeando seus sentimentos, o que pode ser muito útil para sair do modo “piloto automático”, diz Letícia Gonçalves. A publicitária Clarissa Belotto Pellizzer, 36, mãe de Manuela, 6, e Valentina, 2, usufrui dos efeitos terapêuticos da escrita desde a adolescência. Mas, com a rotina corrida, acabou deixando de lado o hábito. Com a chegada da segunda filha, ela sentiu necessidade de resgatar o hábito por uma hora diária. “Voltar a escrever fez parte de um processo de redescoberta de quem sou e me permite organizar os sentimentos e liberá-los de maneira mais consciente”, diz. Já existem até aplicativos que ajudam. Um deles é o Cogni (gratuito, disponível para iOS e Android), que pergunta como você está se sentindo, o que a fez se sentir daquela forma e como você agiu diante de tal sentimento ou acontecimento. As informações ficam no histórico do aplicativo e é possível comparar as variações de humor ao longo do mês, por exemplo.
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8. RECONFORTO NA CULTURA
Foram tantos meses lendo sobre enxoval, decoração de quarto do bebê, parto, que, às vezes, você até se esquece que adorava filmes de ficção científica, livros de suspense ou séries românticas. Voltar-se para esses velhos hobbies pode ajudá-la a sentir que fez algo de bom para você – mesmo que por pouco tempo – e assim, a rotina extenuante tende a tornar-se mais leve, enquanto você resgata um pouco desses hábitos que lhe trazem alegria.
9. APROXIME-SE DOS FAMILIARES QUE FAZEM BEM A VOCÊ
Para quem tem a sorte de ter parentes queridos por perto, vale combinar visitas rápidas – na casa deles ou na sua – e simplesmente jogar conversa fora. As pessoas que a amam sabem quem você é e não irão julgá-la pelos desabafos sobre a rotina com os seus filhos. Nada melhor do que um ouvido amigo e um abraço apertado de quem ama você.
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from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Familia/noticia/2019/09/9-dicas-para-resgatar-o-amor-proprio.html