#Maternidadereal, #maepossível, #maternidadenuaecrua, #maesemneura. Uma busca rápida nas redes sociais revela um importante movimento encabeçado por mulheres dos mais diferentes perfis, idades e regiões. É urgente: precisamos falar sobre maternidade sem idealização.
De acordo com o estudo “A nova mãe brasileira”, conduzido pelo Instituto QualiBest em parceria com o blog Mulheres Incríveis, 46% das entrevistadas afirmaram que a ideia de “mãe perfeita” não as representa, assim como as figuras de mães que estão sempre felizes, são multitarefas, guerreiras e que fariam qualquer sacrifício pelos seus filhos.
Mas se ser mãe é mesmo padecer no paraíso, por que falamos tão pouco das agruras desse papel? Culpa, medo, julgamento – e tantos outros pesos – por muito tempo calaram nossas mães. Hoje elas querem e precisam falar, seja entre amigas, em grupos de apoio, nas redes sociais e onde mais elas quiserem. Nesta reportagem, convidamos cinco mamães que engrossam esse coro ao compartilharem verdades importantíssimas sobre a maternidade que elas gostariam de saber antes de terem trazido seus rebentos ao mundo, mas só aprenderam na prática. Confira:
1. Escolha, com o auxílio do seu médico, o tipo de parto que julgar ser o melhor
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o índice razoável de cesáreas é de 15% dos nascimentos. No Brasil, 55,6% dos 2,9 milhões de partos realizados anualmente são cirúrgicos, de acordo com informações da Agência Nacional de Saúde Suplementar. Ou seja: é esperado que algo diferente dessa normatização seja visto como “incomum”.
“Jamais cogitei um parto domiciliar, achava coisa de gente alternativa. Mas com a maternidade a gente se coloca um uma posição de vulnerabilidade que nos possibilita abrir horizontes e buscar alternativas. Assim, já com 34 semanas, em uma consulta de rotina perguntei: ‘como funciona um parto em casa’? No caso do meu obstetra, ele sempre leva uma doula para auxiliar e uma estrutura igual a qualquer sala de parto no Brasil. Duas condições essenciais para o parto domiciliar acontecer era ter uma gravidez impecável e morar próximo a um hospital. Assim, decidi ter minha filha em casa, em uma piscina inflável, no conforto do meu lar, mas com total segurança. Não hesitei nem um segundo em relação à minha escolha. Foi um parto lindo, cheio de emoção e sentimento, que trouxe a Lívia ao mundo, de uma forma simples e humanizada”, relata Sheyenne Grisalt, 34 anos, empresária, de Florianópolis (SC), mãe da Lívia, de 3 anos.
2. Ser mãe é uma jornada única e, às vezes, solitária
“Ninguém me disse o quanto a maternidade é solitária. Então mesmo que existam muitos exemplos ao seu redor e cada pessoa dê o seu palpite, a vivência com o seu bebê é única e exclusiva entre vocês. Apesar da solidão, tenha sempre a certeza de que um vínculo incrível está sendo construído ali. Nunca me esquecerei da Helena sorrindo para mim nestes momentos tão nossos”, conta Daniela Soto, 32 anos, psicóloga, de São Paulo (SP), mãe da Helena, de 1 ano e 5 meses.
3. Busque uma rede de apoio
“Tive muita dificuldade de pedir ajuda, de lidar com as minhas emoções e, ao mesmo tempo, tentar ter o controle de tudo. O início, principalmente, é um período muito delicado e extremamente exaustivo. Vivemos em uma sociedade em que a maternidade não tem muito espaço, por isso essa rede de apoio se fez tão necessária. Grupos de whatsapp e redes sociais como o Instagram facilitam essa troca de experiências”, aconselha Anne Lizzie Teixeira, 34 anos, gerente de consumer insights, de São Paulo (SP), mãe do Antonio, de 6 meses.
4. Amamentar é uma tarefa árdua
“Muito se fala sobre a importância de amamentar até os seis primeiros meses, sobre a troca que acontece entre mãe e filho nesse momento, como o instinto do bebê é trabalhado. Temos até o Agosto Dourado para fomentar informações sobre a prática, mas pouco se fala em relação às dificuldades que podem existir nesse momento – na maioria das vezes, sem termos o apoio ou o auxílio de um profissional. Hoje, sei que é possível se preparar já na gestação, com os chamados banho de luz. Após o nascimento, podemos massagear os seios antes de cada mamada. Também aprendi que devemos tirar o excesso de leite para uma melhor pega do bebê. Infelizmente sofri por 4 meses com uma amamentação ‘obrigatória’ com muita dor e machucados. Chorava muito e a todo momento pensava em desistir, mas tinha medo de ser julgada. Depois de muita insistência e leitura, além do apoio de outras mães que passaram pela mesma situação, consegui mudar os ‘erros’ e fomos até os nove meses de aleitamento sem sofrimento!”, desabafa Rubia Maciel Gieswein, 29 anos, bancária, de São Bernardo do Campo (SP), mãe do Raul, 3 anos, e da Elis, 1 ano.
“Para mim, a questão mais difícil da maternidade foi a amamentação. Percebi que as mulheres não falam muito sobre isso, pois acabam sentindo vergonha de assumir que não conseguem amamentar, que o bico rachou, que dói. Como é uma etapa muito importante, nos sentimos obrigadas a fazer com que tudo dê certo. O Vicente, meu filho, nasceu com a glicose baixa e precisou receber fórmula ainda no hospital. Isso já me deixou superchateada. Logo que tive alta fui numa pediatra especializada e ela recomendou uma consultora de amamentação, que me ajudou em diversas questões. Mesmo assim, após um mês, o bebê teve pouco ganho de peso e precisamos partir para a fórmula novamente. Foi muito frustrante. Várias etapas compõem a amamentação, e eu, inocente, achei que os nenês já nasciam sabendo mamar. Tudo é uma conquista e eu ainda estou em um processo difícil de adaptação”, compartilha Dalila Neves Chaves, 32 anos, gerente de produto, de São Paulo (SP), mãe do Vicente, de 40 dias.
5. Receber palpites não solicitados
“Um bebê é um universo. A cada dia você descobre o que tem que fazer, em qual posição ele gosta de dormir. Eu e meu marido estamos aprendendo diversas coisas sobre o nosso pequeno, por isso sempre pegamos diversas orientações com o pediatra e outros profissionais. Mas no dia a dia, a quantidade de palpites é enorme. Entendo que muitos são feitos com boa intenção, mas às vezes eu apenas não quero. Uma simples ida ao mercado e eu já preciso parar tudo e filtrar o que é conselho de palpite. A sensação é que as pessoas estão te julgando a maior parte do tempo”, diz Dalila.
6. Maternidade dói
“Me disseram sobre o parto, sobre a amamentação e muitas outras coisas, mas ninguém me falou como dói ser mãe. Dói fisicamente, mas ainda mais na consciência e no coração. A maternidade me ensinou a lidar com a dor e, principalmente, a confiar mais em mim para construir uma rotina mais leve com a minha filha”, finaliza Daniela Soto.
from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Poder-do-colo/noticia/2019/09/maternidade-sem-filtro.html