1. Meu filho vive com o nariz escorrendo. É alergia?
Nem sempre. Pode ser apenas sintoma de gripe ou resfriado, por exemplo. As crianças podem sofrer de oito a dez infecções virais ao ano, é normal, daí essa impressão de que estão sempre doentes. Por isso, nada de medicar o seu filho com remédios contra alergias sem uma avaliação minuciosa do pediatra, ok?
2. É verdade que crianças que ficam no tablet e outras telas desenvolvem miopia?
A miopia é uma condição de origem hereditária. No entanto, sabemos que os fatores ambientais podem influenciar, e entre eles, está o uso de telas. Tanto a luz azul emitida por elas, quanto a proximidade podem afetar a visão. Não é à toa que o índice de miopia esteja crescendo no mundo inteiro. A Organização Mundial da Saúde não recomenda a exposição às telas antes dos 2 anos e, entre 3 e 5 anos, elas estão liberadas, no máximo, uma hora por dia.
3. Usar soro nasal ou fazer inalação com soro todos os dias ajuda a prevenir gripes e resfriados?
Sim. Os cílios nasais (pelos microscópicos cobertos de muco) funcionam como uma espécie de vassoura que tem a função de filtrar o ar e “varrer” para fora os micro-organismos que chegarem até ali. A higiene diária da região com soro favorece esse mecanismo e, assim, previne essas doenças. Já a inalação, que normalmente é indicada no tratamento delas, ajuda a eliminar a secreção acumulada e a respirar melhor.
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4. O que posso fazer para melhorar a imunidade do meu filho?
O sistema imunológico é composto por uma rede de células e moléculas espalhadas pelo organismo, que têm o papel de defendê-lo contra qualquer estrutura desconhecida, como um vírus ou uma bactéria. Além disso, alguns órgãos e tecidos também fazem parte desse sistema, cujo desenvolvimento só termina por volta dos 15 anos. Por isso, as crianças tendem a ficar mais doentes que os adultos. Mas os pais podem e devem promover uma rotina saudável que vai ajudar nesse processo, o que inclui: amamentação, alimentação equilibrada, brincadeiras ao ar livre, sono adequado e carteira de vacinação em dia.
5. Conviver com bichos de estimação pode interferir na saúde do meu filho?
Muitos pais têm receio de que a convivência com os bichos possa favorecer o surgimento de alergias. O que sabemos é que, se o pet já estava presente antes de o seu filho nascer, as chances são menores. Mas cada situação deve ser avaliada individualmente, considerando o histórico familiar. Em todos os casos, no entanto, é fundamental que o bicho receba acompanhamento veterinário, entre outros cuidados, para evitar a transmissão de doenças. A boa notícia é que essa amizade pode ajudá-lo a lidar melhor com situações de estresse, como mostrou uma pesquisa feita pela Universidade da Flórida (EUA).
6. Criança que vai para a escola fica doente com mais frequência?
Como a escola favorece o contato com outras pessoas, sejam adultos ou crianças, a exposição a agentes infecciosos (vírus e bactérias) aumenta, sim. A dica, nesse caso, é optar por instituições bem arejadas, com menos crianças por sala e rigorosas com as condições de higiene. Cuidados com a imunidade da criança, como os já citados, também fazem diferença, claro.
7. A partir de que idade posso colocar meu filho na natação?
Não há problema em matricular o seu filho em aulas para bebês a partir dos 6 meses, no entanto, o aprendizado só acontece de fato por volta dos 3 anos, quando ele já tem maturidade suficiente para repetir os movimentos e mergulhar. Para evitar choque térmico, prefira locais fechados e aquecidos. Além disso, como o cloro pode irritar as vias aéreas (mesmo as piscinas salinizadas contêm um pouco do produto), vale a pena dar um banho na criança logo após o término da aula.
8. Meu filho quer pintar o cabelo e as unhas. Tem algum problema?
Diversas substâncias químicas presentes em cosméticos, como esmaltes, tinta para cabelo e maquiagem, podem causar dermatite de contato. Por isso, convém evitá-los. Quanto mais nova a criança, maior a chance. Se ela já tem algum tipo de alergia ou doença de pele, idem. Se decidir usá-los, eventualmente, no Carnaval ou numa apresentação escolar, por exemplo, escolha produtos hipoalergênicos.
9. É perigoso usar faixas no cabelo do bebê?
Desde que elas não apertem a cabeça, não há problema. Mas algumas crianças se incomodam com o acessório e reclamam ou, quando já conseguem, o tiram com as mãos. Caso opte por usar a faixa mesmo assim, prefira modelos de tecidos leves e lembre-se sempre de retirá-la antes de o bebê dormir (para deixá-lo mais confortável).
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10. Os ingredientes da “meleca” feita em casa pode causar intoxicação?
As receitas caseiras normalmente incluem água, cola branca, bórax e outros produtos como espuma de barbear, detergentes e até soluções para lentes de contato. Todas têm potencial alergênico, especialmente o bórax, mas vai depender do tempo de manipulação, da quantia usada e da predisposição da criança. Sendo assim, o ideal é brincar com kits industrializados, com quantidades e concentrações desses produtos já testados previamente e com o selo do Inmetro.
11. Em que situações é necessário correr para o pronto-socorro?
O ideal é que as idas ao PS sejam restritas às emergências e que outras doenças sejam tratadas e, com o tempo, reavaliadas nas consultas ao pediatra que acompanha a criança no dia a dia. Vale levar ao hospital em caso de febre por mais de 72 horas ou acompanhada de outros sinais, como vômito, prostração, falta de apetite e manchas (vermelhas ou roxas) no corpo. Já os recém-nascidos que apresentarem febre devem ser examinados de imediato, com ou sem outros sintomas. Diarreia, especialmente se associada a vômito, desconfortos respiratórios, aspiração de corpos estranhos e quedas mais graves também merecem ser investigadas na hora.
12. Como baixar a febre do meu filho, além de medicá-lo com antitérmico?
Em primeiro lugar, saiba que só é considerada febre a temperatura corporal a partir de 37,8 °C. O sintoma pode ser causado por infecções, como gripe ou otite, porém, na maioria das vezes, é benigno e desaparece espontaneamente. Por isso, se o estado geral da criança for normal, ou seja, se ela estiver comendo, brincando e dormindo sem problemas, nem sempre há necessidade de medicá-la. Um banho morno, por exemplo, pode ajudar a resfriar o corpo, nesse caso. Outras medidas úteis são hidratar o pequeno, vesti-lo com roupas leves, fazer compressas frias na testa e nas articulações e deixá-lo repousar. Do contrário, ela tende a melhorar entre 30 a 40 minutos após a medicação. Alguns pediatras costumam intercalar diferentes tipos de antitérmicos. Converse com o do seu filho para saber a melhor conduta. Quando a febre acima de 39 °C vier acompanhada de outros sintomas (como os descritos no item anterior) ou durar mais de 48 horas, a criança tem de ser examinada.
13. Como lidar com a tosse?
A tosse é um mecanismo natural do corpo, com a função de expelir secreções ou corpos estranhos (no caso de engasgos). A tendência é que ela melhore após sete dias e, nesse intervalo, não há necessidade de medicar a criança se a tosse for leve. Do contrário, o uso de xaropes pode até atrapalhar a recuperação ou mascarar alguma doença. Existem dois tipos de tosse: a seca e a produtiva (com catarro). A primeira normalmente está associada a algum tipo de irritação, como rinite, e a segunda, a gripes e resfriados. Oferecer bastante líquido à criança, assim como fazer nebulizações, ameniza o desconforto nesse caso. Se o sintoma se prolongar por mais de dez dias, causar falta de ar, vier acompanhado de febre ou piorar à noite, pode indicar algum problema mais grave, como asma, bronquite ou pneumonia, e deve ser comunicado ao pediatra.
14. O que fazer quando meu filho vomita depois de tomar remédio?
Caso ele tenha vomitado pouco, tudo bem, isso significa que a dose mínima da medicação permaneceu no organismo. Se a quantia foi abundante, porém, o ideal é oferecê-la novamente. Quando nada “para” no estômago da criança, pode ser necessário levá-la ao médico ou PS para uma aplicação injetável.
Especialistas consultados: Ana Maria Escobar, pediatra e colunista da CRESCER, autora de Boas-vindas, Bebê - Volumes 1, 2 e 3 (Principium Editorial) | Carlos Eduardo Correa (Cacá, pediatra e neonatologista do Espaço Nascente (SP) | Daniel Becker, pediatra do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e autor do site Pediatria Integral | Gustavo Moreira, neuropediatra especializado em medicina do sono, presidente do Instituto do Sono da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) | Isabella Balalai, pediatra infectologista, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) | Janáira Fernandes Severo Ferreira, alergista e imunologista pediátrica, do Hospital Infantil Albert Sabin (CE) | Marina Buarque de Almeida, pneumologista pediátrica, coordenadora do Departamento de Pneumologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) | Mauro Fisberg, pediatra e nutrólogo, coordenador do Centro de Nutrologia e Dificuldades Alimentares do Instituto Pensi, do Hospital Infantil Sabará (SP) | Moisés Chencinski, pediatra e homeopata, presidente do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade Paulista de Pediatria | Renata Waksman, pediatra do Departamento Científico de Segurança da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) | Renato Luiz Valério, pediatra do Hospital Pequeno Príncipe (PR)
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