Wednesday, September 12, 2018

Não à educação formal: os prós e contras do unschooling

Déborah e o filho Cauê, 10, vivem em Ubatuba (SP), onde ele aprende tudo em contato com a natureza. A história da família foi contada em Contra a Maré (Foto: Déborah e o filho Cauê, 10, vivem em Ubatuba (SP), onde ele aprende tudo em contato com a natureza. A história da família foi contada em Contra a Maré (Foto: Arquivo pessoal))

 

E se esse período fora da escola, aprendendo com a vida na prática, sem seguir qualquer rotina de estudo, fosse para sempre? Isso já acontece em diversas famílias, adeptas do movimento unschooling ou desescolarização. A prática vem crescendo em todo o planeta. E ainda que a Constituição Brasileira obrigue os pais de crianças de 4 a 17 anos a matricular seus filhos na escola, tem despertado a curiosidade de muita gente por aqui também – como a plataforma Hypeness, que criou recentemente um canal exclusivo sobre o assunto. “O mundo está passando por mudanças, mas uma coisa tão importante como o modelo de educação ainda usa os mesmos métodos. E o pior, esperando resultados sejam diferentes”, afirma Rafael Rosa, diretor do Hypeness.

Cauê vendo o mar em Ubatuba / unschooling (Foto: Cauê vendo o mar em Ubatuba / unschooling (Foto: Arquivo pessoal))

 


Documentários sobre o assunto também começam a pipocar por aqui, como o Contra a Maré, do diretor André Castilho. “Mudando o modelo da escola, você muda a sociedade como um todo. Estudei em escola tradicional e isso me causou revolta, quando me tornei cineasta jurei que ia fazer algo”, diz Castilho. O filme mostra a história da fotógrafa e educadora Déborah Gérbera, 43 anos, mãe de Cauê, 10, fora da escola desde os 7. No começo, ela tinha medo de não dar conta do recado, mas isso mudou. “Sosseguei com o decorrer dos meses. Percebi o quanto é rica a nossa vivência, já que uma simples ida ao mercado envolve muito conteúdo”, diz Déborah, que vive com o filho em Ubatuba (SP).
Mas e o convívio com outras crianças, como fica? A socialização é uma das principais críticas em relação à desescolarização. No entanto, segundo as famílias adeptas do movimento, as relações que os filhos têm são até mais ricas e diversas. “Na escola, há divisão etária e a classe social é basicamente a mesma. Bento tem amigos, vizinhos, e conversa com todo tipo de pessoa em qualquer lugar que a gente vá”, diz o músico e ator Willian Germano, pai de Bento, 5, que nunca foi à escola.

Por outro lado, muito se fala se o conceito libertador do unschooling não seria, na verdade, limitador. “Será que temos o direito de colocar nas costas dos nossos filhos o peso de um projeto que é nosso? Pode ser que ele não se adapte e aí terá menos oportunidades”, questiona a professora Tania Zagury, autora de diversos livros de educação, entre eles o recente Pensando Educação com os Pés no Chão (Editora Rocco). Mas há quem defenda que o unschooling consiste justamente em deixar que a própria criança decida seu caminho. “É uma via de abertura, não de fechamento. A criança vai ter mais tempo para investir a energia no que realmente a interessa”, diz a filósofa Carla Ferro, de São Paulo.
Isso nos leva à outra questão: será que em vez de criticar o sistema escolar não é melhor lutar para que ele mude? Ou, ao menos, buscar práticas educacionais mais efetivas? “Sim, o ensino convencional tem falhas. Mas, quando me perguntam, em relação à educação, se há luz no fim do túnel, respondo que vejo inúmeros holofotes no caminho”, diz o educador Gabriel Salomão, autor do site Lar Montessori. “É preciso começar a caminhar por ele para enxergá-las. Há cada vez mais escolas fazendo diferente e é isso que devemos buscar”, complementa.

Cauê fotografando em Ubatuba / unschooling (Foto: Cauê fotografando em Ubatuba / unschooling (Foto: Arquivo pessoal))

 

Mudança de paradigmas

A jornalista Samantha Shiraishi, 45, mãe de Enzo, 18, Giorgio, 15, e Manuela, 5, admite que nem sempre foi favorável ao unschooling e ainda tem reservas com o homeschooling. Chegou a ser debatedora num encontro sobre o tema justamente na cadeira do contra, dividindo o palco com um pai que ficou famoso por tirar os filhos da escola. Mas, quando a filha caçula ia completar 4 anos, ficou incomodada com algumas posturas da instituição onde ela estudava desde os 2. “A professora disse que até o final daquele ano ela estaria alfabetizada e escreveria em letra cursiva. Com os filhos já crescidos, mais segura da minha maternagem e envolvida em pesquisas sobre comportamento, família, metodologias educacionais e discussões sobre os modelos, já havia feito algumas escolhas diferentes”, conta.

Ela e o marido decidiram, então, deixar a filha em casa por uns meses, que acabaram se tornando quase um ano de unschooling. “Chamo assim porque não usei o material da escola antiga, não fiz atividades pedagógicas, tampouco tentei evitar que ela perdesse o ano. A gente curtiu essa fase juntas”, afirma a mãe. Para ela, o modelo atual de escola é todo vertical, como o mundo ainda é, em muitos aspectos. “No entanto, há competências sociais que só a convivência com iguais dá”, diz.

Hoje, Manuela frequenta uma escola municipal de educação infantil, com crianças de sua idade, e acompanha o desenvolvimento do resto da turma. Mas o processo de unschooling, segundo a mãe, continua. Aos sábados, por exemplo, ela e outros pais da classe se juntam para cuidar da horta dali, que agora é comunitária. “Enquanto mexemos na terra, as crianças brincam juntas. Descobrem, assim, que a escola é apenas parte da vida, não um lugar à parte, e que a sala de aula não é o único espaço para obter conhecimento”, conclui. Uma lição que vale para qualquer modelo educacional, aliás.



from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Criancas/Escola/noticia/2018/09/nao-educacao-formal-os-pros-e-contras-do-unschooling.html

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