O recém-nascido não está respirando. Em vez de ter o cordão umbilical cortado e ser levado às pressas para a área de ressuscitação, como costumamos ver nos filmes, os médicos dão início à oxigenação sem desconectá-lo da mãe. Passa-se 1 minuto e 40 segundos antes que o bebê solte seu primeiro suspiro, acompanhado de um grito.
O vídeo, muito compartilhado nas redes sociais, é parte de um estudo da Monash University e do Royal Women’s Hospital (Austrália), que pretende avaliar os benefícios de manter o bebê ligado ao cordão umbilical por até cinco minutos depois do nascimento. Durante dois anos, os pesquisadores avaliarão o reflexo da medida em pelo menos mil bebês, com o intuito de provar que o clampeamento do cordão umbilical deve seguir a necessidade do recém-nascido, não um tempo pré-estimulado. O principal parâmetro para tomar essa decisão será a frequência cardíaca do bebê e a quantidade de dióxido de carbono expirado.
Como a placenta é considerada uma espécie de suprimento de sangue e oxigênio, esses médicos acreditam que mesmo os bebês saudáveis podem se beneficiar de mais tempo conectados a ela. Atualmente, a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é que o recém-nascido fique ligado ao cordão umbilical por pelo menos 1 minuto. No Brasil, muitos profissionais já recomendam esperar que ele pare de pulsar antes de cortá-lo.
Para Braulio Zorzella, obstetra humanizado da clínica Bem Gerar (SP), a dupla oxigenação é benéfica, tanto nos bebês que nascem bem, como naqueles que precisam ser reanimados. "Nos casos em que o bebê nasce sem respirar, isso é ainda mais importante. A decisão é do pediatra que acompanha o parto: se ele decidir que é uma questão fisiológica, ou seja, que esse bebê está apenas aprendendo a respirar, fará uso da máscara com o balão, enquanto o obstetra ordenha o cordão [pressionando e soltando para estimular o fluxo sanguíneo]”, conta.
O especialista defende que, mesmo em casos mais drásticos, quando há a necessidade de uma cirurgia imediata após o parto, pode ser interessante manter o bebê ligado ao cordão umbilical. “Quando há uma gastrosquise, por exemplo, em que estômago e intestino se formam para fora do corpo, é preconizado que ele seja mantido pelo cordão enquanto é dado início à intervenção, ajudando a equalizar o sangue e a oxigenação”, explica Braulio.
Confira o vídeo a seguir (se não conseguir visualizar, clique aqui)!
from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Gravidez/Parto/noticia/2018/05/bebe-comeca-respirar-dois-minutos-apos-parto-ainda-ligado-ao-cordao-umbilical.html