Quem vê Stacey Skrysak, uma jornalista norte-americana, sorridente nas fotos com sua filha, Peyton, 5 anos, não imagina a trajetória que ela viveu até chegar ali. Em um relato divulgado pelo site Love What Matters, ela contou a história toda, que inclui a perda de dois de seus bebês em um período de 55 dias. Embora o caso tenha acontecido em 2013, ela decidiu fazer o relato agora.
Stacey e o marido tiveram dificuldades para engravidar mas, depois de um tratamento, o casal recebeu a feliz notícia de que teriam trigêmeos. "Ficamos empolgados durante meses, começamos a estocar itens em casa, sempre três de cada coisa. Nossa esperança crescia, assim como as pilhas de caixas de fraldas no quarto; nossa vida ficaria completa em breve", escreveu.
O destino, no entanto, tinha planos bem diferentes para a família. No dia 23 de junho de 2013, Stacey entrou em trabalho de parto prematuramente. Ela estava na 22ª semana de gestação. Na maioria dos casos, essa não é considerada uma idade gestacional viável para a sobrevivência fora do útero, mas os médicos resolveram tentar dar uma chance aos pequenos. A primeira bebê, uma menina, que o casal chamou de Abigail, nasceu, pesando menos de 500 g. Minutos depois, os médicos perceberam que seu pulmão ainda estava fraco demais. "Nossa primeira filha faleceu em nossos braços duas horas depois", disse a mãe.
Os outros dois irmãos conseguiram permanecer na barriga da mãe por mais 17 horas, o que, aparentemente, fez toda a diferença. "Todos os que estavam presentes na sala ficaram chocados quando os dois, Peyton e Parker chegaram com pulmões fortes o suficiente para sobreviver à primeira noite. Meus dois bebês foram levados para a unidade de terapia intensiva, os corpos frágeis e translúcidos, os olhos fechados, por conta da prematuridade", lembra Stacey. Cada um tinha cerca de 500 g.
Apesar de toda a fragilidade, passaram-se minutos, horas, semanas. "Depois de conseguirmos passar pelo primeiro mês, meu marido e eu estávamos otimistas. Achávamos que Peyton e Parker iriam para casa conosco em breve. Mas nossas vidas foram destruídas como se tivéssemos colididos com uma bola de ferro enorme, que destruiu nossas esperanças e nossos sonhos em instantes", conta ela.
Isso porque, quando os bebês completaram cinco semanas de vida, os pais receberam a notícia de que a menina, Peyton, ia bem, mas Parker, o menino, tinha registrado uma piora. Ele tinha sofrido danos cerebrais graves. Ele sobreveu a cirurgias intestinais, mas o estresse, aparentemente, foi mais do que seu corpo tão pequeno poderia aguentar. "55 dias do nascimento, seguramos nosso filho enquanto ele dava seu último suspiro. Em menos de dois meses, perdemos dois dos nossos bebês. Não há palavras para descrever a dor insuportável de perder um filho. Em alguns dias, o luto me consumia, tornando difícil até o ato de me levantar da cama. Enquanto as pessoas ao redor viviam suas rotinas, minha vida estava parada. Mas, através da dor, achei a vontade de seguir em frente, me equilibrando entre o luto e a necessidade de me manter forte pela trigêmea que sobreviveu", lembra a jornalista.
Depois de meses na UTI, a "bebê-milagre", como Peyton ficou conhecida, foi liberada do hospital e pode, finalmente, ir para casa, embora ainda exigisse muitos cuidados. Ela era monitorada e precisava viver com um tanque de oxigênio. "Naqueles primeiros dias em casa, ficávamos velando o sono da nossa filha, uma mistura de esperança e tristeza enquanto eu olhava para meu pequeno milagre, me perguntando como seria a vida se todos os nossos três bebês tivessem vindo para casa", diz.
Aos poucos, a família foi criando uma rotina e, hoje, conforme a pequena Peyton cresce, eles continuam aprendendo a lidar com a falta dos outros dois filhos. "Quando olhamos para ela, vemos nossos três filhos ali. E ainda que o luto continue aparecendo de vez em quando, aprendi a acolher minhas lágrimas. Nunca quero esquecer meus filhos. Aqueles momentos difíceis me ajudaram a me tornar quem sou hoje", relata a mãe. "Em vez de sofrer pelo que poderia ter acontecido, aprendemos a encontrar vida após a perda", finaliza.
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