Você já ouviu falar em fisioterapia pélvica? O acompanhamento, que busca fortalecer o assoalho pélvico, pode ser indicado em diversas fases da vida da mulher, além da gestação, para prevenir e tratar incontinência urinária, por exemplo, ou durante a menopausa. No entanto, apesar de versátil e democrática, são as gestantes as que mais buscam a ferramenta, que atua como uma forma de “preparo” do corpo para o parto.

Para as futuras mães, a fisioterapia pélvica previne e diminui desconfortos musculares (como cãibras), melhora inchaços, além de preparar a musculatura do assoalho pélvico durante a gestação, de acordo com Pamella Ramona, fisioterapeuta pélvica do Centro de Medicina Integrativa do Hospital e Maternidade Pro Matre.
As sessões possibilitam também o treinamento de posições que favorecem o encaixe e a descida do bebê, além da diminuição do tempo na fase ativa do trabalho de parto, bem como um melhor preparo muscular, que contribui para uma recuperação mais rápida e eficiente no pós-parto, explicou a especialista.
Outro fator muito importante oferecido pela técnica é a consciência corporal. “O importante é essa mulher estar em movimento, descobrindo o que a faz feliz”, acrescentou Kirstin von Koss Wildeisen, fisioterapeuta e doula de parto.
Não! Os benefícios são válidos para qualquer tipo de parto. “Toda mulher precisa saber que seu corpo não sabe o que é uma cesárea. E que todo processo fisiológico proveniente da gestação, de sobrecarga mecânica e funcional que uma mulher que quer parto vaginal passa, aquela que optar por uma cesariana também passará”, completou Pamella. Em caso de parto normal, a técnica traz um benefício adicional: a diminuição do risco de laceração e da necessidade de episiotomia (corte feito com bisturi no períneo).
Em casos específicos, como quando há necessidade de repouso absoluto, a fisioterapia pélvica pode não ser indicada. Por isso, é importante que a mãe busque antes a orientação de seu obstetra. Mas assim que tiver aprovação do médico, a gestante já pode começar a frequentar as sessões, de acordo com Kirstin. “Quanto antes se der o início, melhor. Maiores os benefícios”, explicou.

A prescrição de exercícios é individual e varia conforme a avaliação das necessidades e tempo de gestação de cada paciente. “Em geral, exercícios livres, com o mínimo de impacto e que promovam movimentos da pelve, ajudam em todos os processos adaptativos da gestação, parto e recuperação no pós-parto”, contou Pamella.
A partir da 33ª semana de gestação, o fisioterapeuta pode, ainda, utilizar um aparelho chamado Epi-No, que funciona como um “balão”. Ele é colocado vazio na vagina e vai enchendo aos poucos, a fim de imitar a expulsão do bebê e "treinar" o períneo. A ideia é que a mulher o expulse, simulando o parto. “O Epi-No traz benefícios de consciência corporal, fortalecimento da musculatura da região perineal, alongamento de forma gradativa e respeitosa e treino de respiração e relaxamento. Mas é essencial que seja sempre usado sob auxílio de um fisioterapeuta”, orientou Kirstin.
Quando não utilizado de forma adequada, o Epi-No pode trazer riscos à saúde. “O uso incorreto pode ocasionar lesões no períneo, como lacerações e lesões de estruturas importantes no controle da continência urinária e fecal. Por isso, a sua utilização sempre deve ser realizada sob o olhar e orientação de um profissional. E na dúvida, é melhor não usar”, ressaltou Pamella.
Exercícios respiratórios podem ser iniciados já nos primeiros dias do puerpério, com o intuito de ativar a musculatura abdominal e readequação da postura, orientou Pamella. Para exercícios voltados ao assoalho pélvico, no entanto, a mãe deve antes passar por uma avaliação do fisioterapeuta. “O senso comum, de que é necessário sempre fortalecer o períneo, não é verdadeiro e merece cuidado. Mulheres que se queixam de dores na região perineal precisam de tratamento diferenciado”, reforçou a fisioterapeuta.
“Os exercícios no pós-parto são muito benéficos, mas devem ser ensinados por um profissional da área após liberação médica e avaliando caso a caso, dependendo do tipo de parto que a puérpera vivenciou”, completou Kirstin.

Alguns exercícios de fisioterapia pélvica podem ser feitos em casa, pela própria gestante. Pamella Ramona deu uma dica de exercício, que pode ser praticado a partir da 32ª semana de gestação, entre duas a quatro vezes por semana, por cerca de 5 a 10 minutos. Mas atenção! Caso sinta dificuldade ou dor, não hesite em procurar orientação de um especialista.
Para começar, prepare o ambiente!
- Encontre um lugar confortável e, caso não consiga sozinha, conte com o(a) parceiro(a);
- Lave as mãos e cuidado com unhas muito compridas para não se machucar;
- Caso tenha dificuldade, tente ver seu períneo com a ajuda de um espelho, note como ele é;
- Pode usar compressas mornas no períneo antes da massagem, isso irá ajudá-la a relaxar.
Praticando:
- Lubrifique os polegares e o períneo. Uma sugestão é usar o óleo de coco;
- Coloque seus polegares um pouco dentro de sua vagina, empurre-os para baixo e deslize para os lados. Sinta um leve alongamento, mas nada que seja dolorido;
- Depois, insira o polegar completamente na vagina e estique o tecido em direção ao ânus.
“Lembre-se: a massagem sozinha não vai proteger seu períneo, mas ela faz parte de uma boa preparação. Se não tiver a certeza de como fazer, peça ajuda de um especialista”, ressaltou a fisioterapeuta.
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from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Gravidez/noticia/2021/11/fisioterapia-pelvica-entenda-como-funciona-e-quais-vantagens-de-fazer-na-gravidez-e-no-pos-parto.html